27 de novembro de 2011

Deselegante

Usuária do metrô em horários de pico, a gente vê e escuta muita coisa. Mas uma que me chamou a atenção foi uma senhora que estava sozinha indo da estação Saens Peña para a Central.

Ela estava apoiada na barra que fica bem na direção das portas e, pelo que percebi, estava sozinha. Era baixinha, cabelos brancos e muito resmungona. Queria sair na Central do Brasil. O vagão estava bem cheio. E ficaria lotado justamente na estação que a senhorinha queria descer. Um senhor que estava perto dela sugeriu: "A senhora vai descer na Central? Então é melhor ficar mais perto da porta, porque na Central enche muito". E fez um gesto com a mão indicando o "muito". A senhorinha simplesmente disse que não iria a lugar nenhum, e que desceria na Central. Um rapaz foi perguntar se ela queria sentar e ela respondeu deseducadamente que não queria sentar coisa nenhuma. Um poço de falta de educação.

Já mais perto da Central, o mesmo senhor insistiu novamente para a senhora ficar mais perto da porta ou não conseguiria sair. E ela respondeu grosseiramente de novo.

Quando as portas se abriram na Central, foi aquela confusão. Muitas pessoas entrando, a senhorinha querendo sair, alguns gritavam para ter cuidado com a idosa que queria sair e, no fim das contas, ela não conseguiu descer na estação.

Aí, um zé la do outro lado gritou: "Vai conhecer a Zona Sul, vovó!". E risadas como reposta. Não satisfeito, pronunciou-se novamente: "Var dar uma volta em Copacabana, vovó!" Mais risadas. E a senhorinha resmungando qualquer coisa do tipo "fica com um sorriso na cara, não-sei-o-que-não-sei-o-que-lá", das pessoas que riam dela.

Fiquei me perguntando pra que tanta hostilidade da idosa? Por que as pessoas ficaram de deboche dela? Duas atitudes sem necessidade, que provam que a falta de educação é um dos principais males da sociedade. Como diria uma famosa jornalista, que deselegante.

10 de novembro de 2011

Só no cutuque

Cutucar é uma prática exercida por muitas pessoas dentro dos coletivos. Os dedinhos indicadores estão sempre a postos quando um cidadão quer perguntar se a pessoa à frente vai sair/descer do coletivo. Ouvi a seguinte história no metrô, da qual compartilho o sentimento da narradora.

Seis da tarde, entro no vagão feminino lotado da estação Uruguaiana. Duas senhoras próximas começam o diálogo:
- Você não prefere usar a tipoia não?
- Ah, não, incomoda muito. E não adianta porque ninguém vai dar o lugar. Prefiro ficar assim [ela estava com o cotovelo colado às costelas e a mão na altura do peito]
- Mas você não está sentindo mais dor? Com a tipoia pelo menos as pessoas têm cuidado em não esbarrar...
- Ninguém dá lugar não. Prefiro ficar sem, aí tomo cuidado para ninguém esbarrar [no cotovelo]. Mas outro dia eu estava em Madureira e um senhor me cutucou bem em cima do coltovelo. Respirei fundo, virei e perguntei o que ele queria. Acredita que o senhor falou "eu só queria pegar aquele papel ali". Aí tive que falar "o senhor não conhece aquelas palavras mágigas, 'dá licença', 'por favor'? Não precisa cutucar os outros". Ah, tive que falar, eu ensino meu filho a não cutucar os outros, basta pedir licença, perguntar. Não precisa encostar. É igual ao vagão e ônibus cheios. Outro dia ia descer e perguntei à moça na minha frente: "A senhora vai descer agora?". E nada. "A senhora vai descer no próximo ponto?" Nada de novo. Perguntei a terceira vez e como ela não me respondeu, cutuquei no ombro dela. A mulher virou com uma cara de "não-precisa-encostar" que eu fiquei com muita raiva. Pô, já tinha perguntado antes, ela não ouviu.

Realmente, dedinhos nervosos me irritam. Basta que as pessoas perguntem, pra que ficar no cutuque?

Depois que a campanha do fone de ouvido colar, acho que o fim do cutuque seria uma boa causa para uma campanha.

9 de novembro de 2011

Rexona... não te abandona nem no coletivo

Em homenagem ao verão que se aproxima e aos cheirinhos 'gostosos' dos coletivos especialmente ao fim do dia, duas histórias envolvendo transporte público e desodorante.

Para começar, a história menos (oi?) esquisita: no metrô da linha 1 sentido zona sul, nosso colaborador Rondinele Soares observa que um estudante movimenta-se bastante no banco. Procura alguma coisa na mochila e quando encontra, saca seu desodorante aerosol. Rondinele, prevendo a cena, afasta-se na direção oposta do estudante. Pois o rapaz abriu e deu aquela caprichada nas axilas, perfumando todo o vagão (e a senhora que estava sentada ao lado dele). Não sei se é pior o fedor de fim de dia ou ficar inalando Axe durante a viagem.

Mas quem pensa que desodorante é só para as axilas se engana.  Outro dia no ônibus descobri uma nova função. Sentei no último banco e um rapaz ao meu lado comia pipoca doce, daquelas da embalagem rosa. Ele acabou, amassou o saquinho e começou uma movimentação esquisita abrindo a mochila meio escondido.

A mochila estava no colo dele e o rapaz colocou as mãos por baixo dela. Fiquei com medo, pois não sabia exatamente o que ele estava fazendo com mãos. Dando uma espiada de rabo de olho, vi e não acreditei. Ele havia pego o desodorante spray (sim, daqueles que sai o líquido que escorre pelas axilas) e estava discretamente passando nas mãos, para limpá-las. E o gelzinho antisséptico, meu povo?