16 de outubro de 2011

A intimidade não é coletiva

É impressionante como as pessoas falam comigo ou perto de mim alguns assuntos no metrô. Minha irmã diz que é porque tenho cara de simpática, mas o que me acontece não é questão de simpatia minha, e sim falta de filtro do senso. Sexta-feira passada, como se não me bastasse estar em pé, numa viagem digna para quem mora longe e dentro de um vagão tenebroso, com mulheres que falam alto, gritam quando o carro faz curva (é o preço que eu pago para não ser sarrada,porque chego a ter medo de sair grávida do metrô misto, e sem saber quem é o pai, de tão perto que ficamos uns dos outros), e o que eu ia falar mesmo?Me perdi nas reclamações...
Ah,lembrei.Então, a moça do meu lado,distinta, com uma toalhinha na mão rosa, me olhou com cara de quem quer puxar assunto e disse: “Ai,estou com uma cólica”.Eu me compadeci na hora,porque sei como são essas coisas de cólicas e as pontadas e a viagem que não acaba e a vontade de sentar e a irritação porque seu sangue,seu útero e seus hormônios estão indo embora (lembrando isso tudo quase chorei). A moça distinta me disse então: “Comi uma paçoca, não posso comer essas coisas”, com cara de dor, falou de novo: “Ai,será que vai dar tempo de chegar até a Pavuna?”.

Deus, por quê? Por que as pessoas não guardam para elas algumas questões íntimas?

Se ia dar tempo até chegar na Pavuna, eu não sei, só sei que estava rezando para que o metrô virasse trem bala e chegasse logo na minha estação,porque para terminar meu dia só faltava eu ficar com uma mulher cagada do meu lado.

Um comentário:

Priscila Thereso disse...

Hahaha, #rilitros
Toalhinha de mão é um clássico, né?